4.5.05

Impermanência

A felicidade física é apenas um equilíbrio ocasional dos elementos no corpo e não uma profunda harmonia. Entendamos o temporário pelo que ele é.

Quando a educação tradicional se estabelece em nossa mente, criamos juízos que nos permitem raciocinar e reconhecer de forma correta a realidade circundante. Este juízo, no entanto, não é totalmente abrangente; ao se estabelecer, cria um processo automático de construção da experiência de realidade, deixando-nos aprisionados em suas opções.
A estreiteza das opções só é percebida quando essas "estruturas cognitivas" de realidade não mais proporcionam resultados satisfatórios, ou seja, quando a impermanência desaba sobre o conhecimento que antes parecia seguro e permanente. Percebemos então, que o problema não está num determinado tipo de estrutura, mas no fato de que o conhecimento baseado em quaisquer estruturas separativas é naturalmente frágil e precisa manter claro o reconhecimento do limite de suas verdades.

Somos feitos de forma, sentimentos, percepções, formações mentais e consciência - todos em mutação a cada momento. Portanto, não existe um "eu" permanente, que tenha existência independente. Não existe um "eu", ou ego, que seja fixo ou eterno. Tudo muda de acordo com as leis de causa e efeito. Tudo faz parte de um fluxo de mudança.

É muito libertador quando solto minhas convicções sedimentadas. O não saber é algo muito libertador. Na verdade, é melhor não saber nada do que o contrário. Não se trata apenas de esvaziar o hard disk, mas sim de permitir o update incessante de informações. Permitir a reinterpretação dos dados antes de alocá-los.
Uma abordagem aberta, que acompanhe a impermanência da realidade, deixa espaço para nos maravilharmos e experimentarmos aquilo que está além da mente racional.

1 Comments:

Blogger Celinho said...

Muito, muito bom..

4/5/05 16:06  

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